segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Aspectos Esquecidos do Feminino

Jornal Universo Feminino * São Paulo
Artigo de Fatima Martins publicado na edição 208 * Ano IV * 23 / Dez / 2009

“Lembrança de si”

Um presente que chegou por e-mail, inspirou a reflexão de hoje: Elis Regina, cantando uma composição de Vitor Martins e Sueli Costa ....." 20 ANOS BLUE " ( * )

"Ontem de manhã quando acordei, olhei a vida e me espantei...."

Muitas vezes a vida nos surpreende. Somos despertados por um fato novo. Algo inesperado irrompe meio aos acontecimentos diários e, subitamente, mudamos nossa qualidade de atenção: vemos aquilo que, antes, não víamos.

Frente ao sobressalto, escapamos do torpor da vida exterior e mergulhamos em nós mesmos. Lembramos de nossa existência.

Se, com olhar de águia, voamos um pouco mais acima, vemos a vida nos ensinando a ser ativos: não precisamos esperar por fortuitos acontecimentos exteriores, mas podemos, deliberadamente, buscar esse aprofundamento em nossa vida interior.

Como podemos ser ativos a partir do interior?

A lembrança de si que deve nascer em cada um, é fruto do envolvimento com a própria história de vida. A retrospectiva de um dia , de uma semana, de um ano... pode revelar o caminho que vai em direção ao essencial, ao singular da individualidade. Esse reconhecimento é capaz de gerar e re-significar propósitos e objetivos para o futuro.

“ Não importa se a estação do ano muda...
Se o século vira, se o milênio é outro.
Se a idade aumenta...
Conserva a vontade de viver,
Não se chega a parte alguma sem ela”
(Fernando Pessoa)

O esquecimento primordial, aquele que é origem de todos os outros, é o esquecimento de nós mesmos.
Fatima Martins * Psicóloga

( * ) Para ouvir e ver, entre no link ao lado em "Música: Elis Regina - 20 Anos Blue"

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Aspectos Esquecidos do Feminino

Jornal Universo Feminino * São Paulo
Artigo de Fatima Martins publicado na edição 206 - ano IV - 11 / Dez / 2009

"Incomodada ficava sua avó"

Essa era a chamada principal há vinte anos atrás, se não me engano, de um anúncio de absorvente feminino. Utilizando o produto durante o período menstrual, as mulheres poderiam - até - ir à praia de biquíni! Aqueles “incômodos” que sempre fizeram parte da história de todas as mulheres tinham chegado ao fim.

Recentemente, durante um evento no Rio de Janeiro, esse tema tomou um caminho diverso e as mulheres presentes perceberam um anseio de diminuir tarefas e todo tipo de atividade (lazer inclusive) e quiçá, eliminar qualquer compromisso nesta etapa do ciclo feminino. Esse reconhecimento, além de trazer uma sensação de conforto, veio acompanhado por um suspiro de algumas, como um lamento de algo longínquo e de retorno absolutamente improvável.

Não admitir necessidades conduziu a tempos de tensão pré, durante e
pós-menstrual. Afastamos os “incômodos” e adquirimos impedimentos sem limites.

A possibilidade de diminuir o ritmo “naqueles dias” parece coisa muito antiga? Extemporânea? Demodé?

Se o impulso é repetir o modelo masculino de resultados imediatos e produtividade competitiva, tendemos a considerar ultrapassado e inoperante qualquer movimento em outra direção.

A natureza, porém, através de seus ciclos biológicos, outorga às mulheres uma pausa: nada mais ancestral do que os cuidados que, à exceção das últimas décadas, sempre estiveram associados ao período menstrual.

Que cuidados seriam esses? Lembrar o feminino esquecido não é o mesmo que repetir comportamentos adequados às nossas avós. O tempo que passou exige re-significações.

O frenesi ininterrupto da contemporaneidade desqualificou e afastou da consciência a importância do recolhimento. A fragmentação, o esquecimento e a exteriorização ostensiva de estruturas próprias do feminino trouxeram desorientação e conseqüentes adoecimentos.

Identificar a falta de um aspecto fundamental é curativo e transformador. Trazer à consciência a necessidade de recolhimento, como síntese dessas considerações, intensifica o processo de busca da condição feminina. O desdobramento de significados pode, também, gerar novas modulações. Selecionei, então, alguns equivalentes para a palavra “recolher”: por ao abrigo; reunir, juntar; puxar para si; guardar na memória; voltar para casa.

Essa reflexão não está circunscrita e reduzida a uma etapa da vida das mulheres. O recolhimento é essencial à vida do planeta. Os ciclos vitais da natureza feminina podem nos trazer essa lembrança.

Fatima Martins * Psicóloga

sábado, 7 de novembro de 2009

Aspectos Esquecidos do Feminino

Jornal Universo Feminino * São Paulo
Artigo de Fatima Martins publicado na edição 201 - ano IV – 06 / Nov / 2009

Muito já se falou a respeito de conquistas femininas e da potência relacionada a esse movimento na contemporaneidade.

Mais recentemente tem sido assunto recorrente, em variados contextos, apontar as dores que, ao que parece, acompanharam essa emancipação.

Esses males vão desde pressões diversas no dia a dia da mulher até aos transtornos alimentares e às depressões, patologias que vêm atingindo as mulheres com maior incidência.

Fala-se em anorexia e bulimia (8 vezes mais nas mulheres) como epidemias nas sociedades ocidentais. Além do fato de as mulheres hoje apresentarem doenças que antes não apresentavam.

Estamos diante de uma polaridade, que podemos nomear como a potência e o adoecimento da condição feminina, coexistindo de forma pungente no século XXI na cultura do ocidente.

O caminho trilhado pelo feminino em direção a essa nova condição se fez a partir de uma identificação com o modelo masculino. As mulheres almejaram uma nova situação de vida e para isso, podemos dizer assim, repetiram e imitaram o masculino e suas formas de inserção na cultura.

Minha intenção não é criticar essa estratégia. Foi esse o caminho possível. E por isso ele foi um bom caminho em um primeiro momento, mas a busca feminina continua em processo. Assistimos uma revolução feita pelas mulheres, que exalta princípios e ideais pouco femininos. Depois do movimento feminista o mundo ficou mais masculino,mais duro e competitivo. A queima da lingerie, como ode ao movimento libertário, também contém em seu “bojo“ um simbólico que fala do avesso da libertação do feminino.

Se pensarmos o percurso do feminino em direção a uma maior autonomia, estabelecendo um paralelo com o processo de desenvolvimento humano, podemos dizer que as mulheres venceram o período da infância onde a criança aprende por imitação. Em um momento seguinte do desenvolvimento a criança já parte de seu centro em direção ao mundo.

É essa a imagem que quero trazer como inspiração para refletir acerca do processo evolutivo do feminino. Permanecer no caminho da repetição e da imitação do masculino, esquecendo aspectos fundantes da ancestralidade feminina só pode gerar adoecimento não apenas para as mulheres, mas para o planeta.
Fatima Martins * Psicóloga

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Trajetória Profissional

Fatima Martins, carioca, graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Pós-graduada em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Aprofundamento em Psicoterapia Antroposófica pela Coordenação Internacional de Psicoterapia da Escola Livre Superior de Ciência Espiritual do Goetheanum, Suíça.

Percorreu a área de desenvolvimento humano e/ou das psicoterapias, começando com a Psicologia Fenomenológico-Existencial, através da Abordagem Centrada na Pessoa de Carl Rogers, passando pelo universo das Psicoterapias Somáticas trazido por W. Reich e seus continuadores, incluiu pesquisas teórico-vivenciais sobre o Conhecimento Tradicional, e hoje está ancorada na Antroposofia de Rudolf Steiner, lugar de convergência de seus estudos nos últimos 14 anos.

Na pós-graduação o foco esteve voltado para a constituição e identidade humana, o conceito de espiritualidade explícito ou implícito nas concepções de Homem em autores clássicos da Psicologia, o sentimento humano de religiosidade como indagação ôntica e sua incidência na clínica e a busca do sagrado pelo Homem em diversas culturas.

Sobre seu caminho de construção profissional, foi fortemente influenciado pelo livro "Psicologia da Evolução Possível ao Homem" de P. Ouspensky. As questões de significado e sentido surgidas no final da adolescência e os relacionamentos incessantes com as perplexidades que se colocaram nos primórdios do percurso existencial enquanto psicoterapeuta, encontraram nesta leitura uma orientação importante.

Posteriormente, um segundo e pequeno livro, uma conferência proferida por R. Steiner em 1908 "Matéria, Forma e Essência -o caminho cognitivo da Filosofia à Antroposofia", tem sido, ao longo dos anos, um texto recorrente.

Os pressupostos e fundamentos, a imagem de Homem e o método científico aportados pela Antroposofia, vem permitindo a prática de uma Psicologia capaz de acolher a dimensão espiritual da vida e o aprofundamento na vida interior humana.

Atualmente faz atendimento clínico na cidade do Rio de Janeiro e Petrópolis (RJ) e desenvolve suas pesquisas na área da Psicoterapia ampliada pela Antroposofia em interface com outros âmbitos do conhecimento acerca do Homem.

Fatima Martins * Psicóloga * CRP 05/3249
Psicologia Clínica & Antroposofia
Tel:+55 (21) 93 43 79 97
Lagoa * Rio de Janeiro * Centro-Petrópolis * RJ * Brasil