sábado, 7 de novembro de 2009

Aspectos Esquecidos do Feminino

Jornal Universo Feminino * São Paulo
Artigo de Fatima Martins publicado na edição 201 - ano IV – 06 / Nov / 2009

Muito já se falou a respeito de conquistas femininas e da potência relacionada a esse movimento na contemporaneidade.

Mais recentemente tem sido assunto recorrente, em variados contextos, apontar as dores que, ao que parece, acompanharam essa emancipação.

Esses males vão desde pressões diversas no dia a dia da mulher até aos transtornos alimentares e às depressões, patologias que vêm atingindo as mulheres com maior incidência.

Fala-se em anorexia e bulimia (8 vezes mais nas mulheres) como epidemias nas sociedades ocidentais. Além do fato de as mulheres hoje apresentarem doenças que antes não apresentavam.

Estamos diante de uma polaridade, que podemos nomear como a potência e o adoecimento da condição feminina, coexistindo de forma pungente no século XXI na cultura do ocidente.

O caminho trilhado pelo feminino em direção a essa nova condição se fez a partir de uma identificação com o modelo masculino. As mulheres almejaram uma nova situação de vida e para isso, podemos dizer assim, repetiram e imitaram o masculino e suas formas de inserção na cultura.

Minha intenção não é criticar essa estratégia. Foi esse o caminho possível. E por isso ele foi um bom caminho em um primeiro momento, mas a busca feminina continua em processo. Assistimos uma revolução feita pelas mulheres, que exalta princípios e ideais pouco femininos. Depois do movimento feminista o mundo ficou mais masculino,mais duro e competitivo. A queima da lingerie, como ode ao movimento libertário, também contém em seu “bojo“ um simbólico que fala do avesso da libertação do feminino.

Se pensarmos o percurso do feminino em direção a uma maior autonomia, estabelecendo um paralelo com o processo de desenvolvimento humano, podemos dizer que as mulheres venceram o período da infância onde a criança aprende por imitação. Em um momento seguinte do desenvolvimento a criança já parte de seu centro em direção ao mundo.

É essa a imagem que quero trazer como inspiração para refletir acerca do processo evolutivo do feminino. Permanecer no caminho da repetição e da imitação do masculino, esquecendo aspectos fundantes da ancestralidade feminina só pode gerar adoecimento não apenas para as mulheres, mas para o planeta.
Fatima Martins * Psicóloga

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